quinta-feira, outubro 05, 2006

Permita-me citar aqui um trecho das Confições de Santo Agostinho:
"Mas que compaixão se pode ter com para com as coisas fingidas e representadas num Teatro, uma vez que aí não se excita o auditor para socorrer os fracos e os oprimidos, mas é este convidado apenas a afligir-se com seu infortúnio? Que ele fica tanto mais mais satisfeito com os atores quanto mais eles o comoveram com pena e aflição (...) Não será que, ainda que o homem não sinta prazer pela miséria, no entanto ele sinta prazer em ser tocado pela misericórdia?"
E nós, fingidores da miséria? fingidores completos, que chegamos a fingir que é dor a dor que deveras setimos? Eu... atriz... que não chego a ser sujeito da miséria, mas quase sempre objeto da piedade e misericórdia.
Vou desenvolvendo o vício pela miséria, por que é dela que eu pretendo viver... A miséria alheia? Não, a minha.